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V | A Carne do Pescoço

A memória permanece turva e descubro as milhas sonâmbulas coroadas sobre os ombros.

 

São dragonas de estrias lanhadas no corpo ora dilatado ora amortecido por licores e alquimias artilhadas à distância de um braço e que se fizeram à goela, mas sempre a honrar o brinde que não prevê deuses nem demónios jogadores.

 

É um pescoço

 

Que não se abriga em manuscritos nem em câmaras góticas.

 

É um pescoço

 

e nele uma garganta escamada por mais de mil quilómetros de asfixias.

 

Que raspa a corda

 

Pulsa quando grita.

 

Recolhe os segredos adentro
a esmurrar para fora

Sem forca nem baioneta,

 

Mas de frente

 

Com tudo o que resta.

 

 

Porto MMXVII

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