A memória permanece turva e descubro as milhas sonâmbulas coroadas sobre os ombros.
São dragonas de estrias lanhadas no corpo ora dilatado ora amortecido por licores e alquimias artilhadas à distância de um braço e que se fizeram à goela, mas sempre a honrar o brinde que não prevê deuses nem demónios jogadores.
É um pescoço
Que não se abriga em manuscritos nem em câmaras góticas.
É um pescoço
e nele uma garganta escamada por mais de mil quilómetros de asfixias.
Que raspa a corda
Pulsa quando grita.
Recolhe os segredos adentro
a esmurrar para fora
Sem forca nem baioneta,
Mas de frente
Com tudo o que resta.
Porto MMXVII