Dar e receber
em vaivém
lover not a fighter
logo na nuca
contra o poste
raspado pelo corredor
à defesa
aos encontrões a tudo
ou em par
a sacudir o ninho
das vespas
de mal a pior
levar o estalo
pra acordar
e ver,
as estrelas
num murro
cuspir o dente rachado
pôr o bife na cara
meia pele
meia crosta
encolher o estômago
para a lâmina apontada
a zumbir à queima-roupa
e aprender
e resistir
e derrotar a toalha
a língua amordaçada
aos dentes
no rugido
e fúria
que abafa o contra-ataque
e aguenta a bronca.
Respira
se houver fundo,
e nesse fundo
anula a estocada
o torniquete andaluz
a bastonada turca
a roleta
dos lanhos
dos vidros
e toda a tortura cultivada
servida num prato frio
que ninguém papa.
Essa pontaria na jugular
Essa marca no esterno
A veia na axila
Serão esquecidas numa cerveja
Com rodadas para amanhã
Dentes por trocos
Põe tudo no prego
E paga com a outra face
Dentes por trocos
E pensa no pequeno sorriso desdentado
Contra-picado aos teus olhos
Que ela te traz
E as suas pequenas mãos,
Quando descansam nas peles
da besta,
Aninhada,
junto ao fogo das noites
e ao Sol dos dias.
Porto MMXVII